Agenda do bimestre e empoderamento na educação
Uma
coisa que eu tenho usado e tem me ajudado bastante nas aulas é a
estipulação de uma agenda para o bimestre. Não para mim apenas, para os
alunos. Acredito que a maioria das pessoas, ao cursar a faculdade,
recebe um cronograma da disciplina com as datas de aulas, de
trabalhos e provas e também a temática da aula e os textos que
devem ser lidos. Cada faculdade e área do conhecimento se relaciona
de forma diferente com a preparação de aulas, nas ciências humanas
o que ocorre é a preparação do aluno para a aula mediante a
leitura prévia de textos e aula para fechar os temas.
Ibagem 1: Agenda que usei pra esse 4bi com os alunos no primeiro dia de aula. Eu descrevi algumas atividades que já tinha em mente, mas não planejo todas antes por motivos de não dá, preguiça e tenho que sentir a sala e esperar inspiração. Ps. não sei melhorar a qualidade da imagem ainda.
O
que eu percebo na escola, pública principalmente, é que os alunos
não sabem porquê estão na escola e as coisas acontecem ao seu
redor, tendo eles como expectadores. Consequências disso? Nossos
alunos não se envolvem com as disciplinas e com a sua vida escolar,
não buscam se aprofundar nos temas, fazem o mínimo para ganhar um
visto, pois não percebem que a sua vida pode ser fortemente
influenciada pelo seu desempenho escolar. Meus alunos não sabiam o
que significava analfabetismo funcional. Quando eu expliquei, eles
riram e falaram que eram eles mesmos aquelas estatísticas, como se estivesse tudo bem.
Quando
falamos que a educação está ruim e que nossos alunos estão ruins,
existem vários fatores que envolvem isso. E não só o econômico. O
econômico é o mais simples, professores bem remunerados, trabalham
em menos escolas e podem se dedicar mais a uma boa preparação de
aulas, correção de atividades, em promover situações melhores de
aprendizagem e de desenvolvimento do educando. Isso vai acontecer com
todos os professores? Não. Sabemos que tem gente preguiçosa que
continuará realizando a aulinha mediana que faz hoje. Se ampliarmos
o salário do professor, a escola toda melhora? Não. Temos muitas
atribuições e pouco staff na escola para realizar muitas funções,
temos alunos que não querem estar na escola e esses alunos não vão
mudar com o aumento de salário. O que precisamos fazer?
Acredito que o primeiro passo é envolver todas as pessoas possíveis no processo de ensino-aprendizagem. Eu
comecei a fazer a minha parte estipulando as agendas. A agenda é uma
tabela que mostra pro aluno todas as aulas que ele vai ter daquela
disciplina e quais serão os temas de cada aula. Mostra quais são os
dias de prova e de trabalho, bem como da recuperação. Eu estipulo
de acordo com o material didático e com o que eu sei que seria
interessante minhas turmas fazerem. É uma agenda adaptada para cada
turma? Não. Não dá tempo de variar tanto assim. O que eu faço é
uma agenda por bimestre por cada ano. Assim, o primeiro ano tem a
mesma agenda entre si, mesmo que sejam salas diferentes. Isso é ruim? Não. Minhas aulas tem a mesma temática estipulada pelo curriculum estadual, mas adapto na necessidade de cada turma. Algumas correspondem bem e outras, se atrasam nas aulas e não conseguem sair do básico. Ou seja, o geral é o tema, não a abordagem na sala.
Como eu faço com eles? Já tentei
colar na sala em uma cartolina e algumas caíram ou sumiram e eles
não tinham como consultar em casa. Então, estipulei que o primeiro
“visto” do bimestre é a cópia da agenda no caderno.
O
que isso gera? Primeiro, compromisso do professor com sua sala de
aula. Eu busco sempre seguir a agenda e planejar as aulas para
segui-la. Gera maior relação dos alunos com a matéria, eles sabem
o que esperar. Isso previne o professor de ser acusado de não passar
matéria ou atividade, pois as atividades também aparecem na agenda.
Eu não costumo detalhar todas, pois ainda estou me adequando ao
curriculum, então coloco o capítulo da apostila ou assinalo se a
atividade vai ser no caderno.
O
que eu queria que isso gerasse, mas ainda não gera? Empoderamento e
agência dos alunos sobre seus estudos. Saber o que eles deveriam ter
de matéria para que não sejam lesados em sua educação. Saberem
como cobrar o professor para isso. E saberem quais são seus deveres
e como se preparar. Pensar no futuro, no amanhã, no dia seguinte ou
na semana seguinte, o que é bem difícil na idade deles. O que eu já percebi é que antes das atividades para nota eu já pergunto, como fiz hoje: "O que vamos fazer na aula que vem?" Eles mechem no caderno e encontram a agenda e respondem. Eles já começaram a ver que as aulas tem sequencia e já buscam as respostas das perguntas nos conceitos que vimos, nem preciso dizer que tô orgulhosa! :3 Parece simples, mas para salas apáticas ou que estavam acostumadas a usar apenas o senso comum, folhear um caderno para buscar uma resposta na aula anterior é bastante coisa.
Quando eu faço a agenda e mostro para eles? Eu
não espero entregar o plano
de ensino para fazer a agenda. Eu passo a agenda no primeiro dia do
bimestre e pergunto para os
alunos se eles concordam, se querem alguma modificação. A maioria
não fala nada, mas as vezes eles pedem que façamos atividades
diferentes, debates etc. E eu busco colocar isso na agenda dentro dos
momentos cabíveis.
Eu me sinto também mais segura para preparar as aulas por conseguir
ver um panorama do bimestre e por apresentar isso aos alunos, eles
sabem como será o nosso bimestre. Como eu não falto, o cumprimento
da agenda sempre se dá de minha parte e eles se sentem mais seguros na matéria.
Pois, se eles tem uma certeza em toda essa modernidade e liquidez, é que eles
vão ter aula de Sociologia toda segunda e terça.
Já fez algo parecido com seu ensino médio? Eles curtiram? Funcionou na sua escola? Se você aplicar, me fala pra eu saber se a utopia de uma nação alfabetizada, informada e bem educada tá só aqui, ou se tem outros doidos aí pra contar comigo!
Boa aula pra vocês!
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